NÃO SOMOS MOLEQUES, DIZ DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL APÓS ALCKMIN NEGAR CRISE

Matéria plublicada no jornal Folha dia 03/08/2017

Vou dar uma satisfação aos meus pares, meus companheiros policiais.

Há anos lutamos em busca de melhorias, sem sermos ouvidos em nenhuma instância. Apesar disso não esmorecemos. Estou me referindo à toda equipe da DGP/DGPAD, tão desgastada na luta inglória, mas ainda mais por ver grande parte dos policiais afirmar que “não fazemos nada”, que “nos acomodamos”, que “não estamos nem aí com os problemas”, que “só queremos manter cadeiras e privilégios”, e coisas piores.

Não sei a que privilégios se referem. Desde que assumi as funções que exerço tenho enfrentado problemas e estresse crescentes. Nunca trabalhei tanto na vida, sem resposta de outros órgãos e atacado por tantos policiais.

Esses ataques são injustos, a maioria dos que os fazem não tem a menor ideia de tudo o que tem sido tentado na DGP/DGPAD, há anos.

Não vim aqui lamentar. Quero informar que a fala do governador causou forte mal estar, por ter afirmado que a Polícia Civil não enfrenta nenhuma restrição orçamentária e que é importante o “desmentido”.

Os gestores da situação, que há anos enfrentam involução orçamentária e de pessoal, que não tiveram nenhuma reivindicação institucional atendida e, ainda assim, lutam para que a Polícia Civil continue cumprindo sua missão, foram taxados de mentirosos pelo governador.

As determinações de redução de despesas tiveram início em 2015, foram intensificadas em 2016 e mantidas em 2017.

Enfrentamos redução orçamentária incessante desde 2015, agravada com bloqueio de expressiva parcela dos recursos aprovados.

Não vou detalhar números aqui, mas asseguro, a DGP/DGPAD agiu com responsabilidade, atendendo às determinações superiores e adotando as medidas necessárias à manutenção de mínimas condições de trabalho.

Os órgãos pertinentes foram informados (em expedientes e reuniões) da situação e dos riscos, desde o ano passado. Não deixamos de agir, não deixamos de pleitear, informar. Não esperamos confirmar o caos e não pegamos ninguém de surpresa. Fomos constante e sistematicamente ignorados.

Hoje, apenas para atendimento das necessidades essenciais, precisamos de R$ 38 mi (a necessidade total supera 114 mi) e, até agora, não recebemos sequer os tão propalados 4 mi.

Não somos irresponsáveis, mentirosos, moleques.

                                                

Att,
Aparecido Lima de Carvalho
Presidente Sinpol  Campinas / Feipol Sudeste