ESTATÍSTICA MOSTRA FALTA DE SEGURANÇA

Dados mostram que o número de homicídios dolosos cresceu 45,4% em Campinas este ano

As estatísticas de criminalidade divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo revelam uma realidade com a qual boa parte dos campineiros convive: a falta de segurança. Crimes como homicídio, latrocínio, roubos de carros e furtos registram altas significativas no período de janeiro a agosto deste ano, na comparação com igual período do ano anterior. Os dados são agravados pela crise sem precedentes enfrentadas pelas forças policiais na cidade, com o sucateamento do efetivo e escassez de recursos e viaturas.
De acordo com a estatística divulgada na tarde desta segunda-feira (25), o número de homicídios dolosos em Campinas cresceu 45,4%. No ano passado, foram 66 casos, contra 96 notificações neste ano. O número de vítimas nesta modalidade também aumentou, saltando de 68 vítimas para 107. Enquanto em junho teve o menor número de homicídios na cidade, julho e agosto manteve quase o mesmo patamar, 12 e 13 respectivamente. A maior parte dos crimes foi registrado nos distritos de Ouro Verde e Campo Grande, as quais fazem parte da 2ª Delegacia Seccional. No final do mês passado, a explosão de homicídios nessas regiões levou o delegado José Henrique Ventura a montar uma equipe com cinco investigadores para apurar os casos.
Outro número que cresceu de forma considerável foi de homicídio culposo. Foram duas ocorrências em 2016 contra três este ano - um aumento percentual de 50%. Latrocínio cresceu 25% (de quatro para cinco).
Dentre os crimes contra o patrimônio, o roubo de veículo foi o que mais cresceu, saltando de 2.159 para 2.241 (3,79%). Furtos em geral aumentaram 2,57% - Em 2016 foram 11.470 contra 11.765 este ano. Roubos aumentaram 2,5%, já que foi registrado 6.395 no ano passado e 6.555 em 2017.
O crime de estupro caiu 0,56%. Nos primeiros oito meses de 2016, foram 177 ocorrências, enquanto em 2017, neste mesmo período, foram 176 casos.
No último sábado, o Correio publicou reportagem em que mostra a revolta de moradores dos bairros Castelo e do Jardim Chapadão. Eles chegaram a criar um grupo na rede social para se ajudarem uns aos outros, já que estão descrentes em relação ao policiamento preventivo. De acordo com os moradores, a criminalidade nesta região ocorre com relevância há pelo menos há quatro anos, mas ganhou notoriedade nos últimos meses.
Na região de Barão Geraldo, casos de homicídios, roubos e furtos também assustaram moradores. Uma modalidade que tem tirado o sono e a tranquilidade da população local e também da região do Taquaral é a de furto de pneus na garagem nas vítimas. Os criminosos invadem os imóveis e retiram todos os pneus dos veículos, inclusive estepes. Também na região de Barão Geraldo, moradores revoltados chegaram a escrever a mão em cartaz pedido de alerta aos motoristas para não estacionarem na Rua Jean Nassif Mokarzel, no Jardim José Martins, já que criminosos estavam arrombando veículos para furtar objetos de valor. "Esses dados de criminalidade estão defasados e não condizem com a nossa realidade. A população já não registra mais boletins de ocorrências porque está desacreditada. Acha que não há investigação", disse o advogado e especialista em segurança Pública, Ruyrillo Pedro de Magalhães. "O governo do estado tem que investir na Polícia Civil. A Polícia Militar e a Guarda Municipal não dão conta. O governo está matando a Polícia Civil. Sem investigação não há como reduzir os crimes e hoje estamos com uma Polícia Civil sem materiais para trabalhar, sem recurso humano, sem estímulo para trabalhar, já que também estão sem aumento", acrescentou.
De acordo com Ruyrillo, além de investir na Polícia Civil, é necessário que os governos invistam nas causas que levam a criminalidade como a educação, com professores bem remunerados e formados, com missão de ensinar e não doutrinar, nas famílias, com atendimentos e assistências adequadas, na economia e no urbanismo das cidades. "E para combater os efeitos dessas causas hoje é preciso de um macrossistema de segurança pública, no qual se una o Poder Judiciário, o Ministério Público, as polícias Civil, Militar e Federal, a Guarda Municipal e o sistema penitenciário", disse.
Outro lado
A SSP trabalha continuamente para reforçar e equipar as polícias paulistas, tanto que, desde 2011, foram contratados 1.354 policiais civis, militares e técnico-científicos para o município de Campinas. Nos últimos meses, foram nomeados 265 policiais civis e científicos e mais 80 PMs passaram a reforçar a segurança na cidade. Além disso, estão abertas inscrições para soldados de 2ª classe, tenentes médicos e alunos-oficiais da Polícia Militar.
No dia 17 deste mês, o Governador e o secretário Mágino Alves, entregaram mais 53 novas viaturas da PM à região de Campinas. Os veículos foram comprados com um investimento de R$ 4 milhões e reforçarão o policiamento nas ruas de 27 municípios da região. Desde 2011 foram investidos um total de 58.3 milhões em viaturas para as polícias militar, civil e científica, totalizando em 1.096 veículos.
O esforço das polícias resultou, de janeiro a agosto deste ano, na prisão de 871 pessoas por mandado, apreensão de 302 armas de fogo, além de 2.187 veículos recuperados.
 
Matéria publicada no Jornal Correio Popular na data de 27/09/2017.
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Att,
Aparecido Lima de Carvalho
Presidente Sinpol Campinas / Feipol Sudeste